Terra

Terra, berço de tantas belezas,

tantas demais para serem admiradas numa única vida,

puras demais para serem entendidas,

eternas demais para serem interrompidas.

Berra, explode o mais alto dos gritos suplicando respeito,

abre suas entranhas e deixa estourar o quente desgosto

de ver desaparecer suas tantas belezas.

Encerra, desfaz a passagem daqueles que te olham como fruto do acaso,

e te sujam com o que encontram nas próprias almas, tão desoladas;

elimina o excesso do mal para que sejas novamente

Terra, mundo aglomerando mundos,

num encontro mágico de seres que se reúnem por sons, físicos e cores,

tantos mundos que admiram e cuidam

das mesmas belezas e possuem o mesmo ideal.

Que às vezes machuca, e ao mesmo tempo fascina,

que às vezes abstrai, e ao mesmo tempo domina,

a vida pura, homogênea e cristalina.

Do livro Verde Magia, 1991

 

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